domingo, 28 de novembro de 2010

Premonição

Mais uma noite em branco, mais uma marca que se acrescentava a minha pele, mais uma luta contra mim mesmo vencida. Não sei bem até quando iria conseguir vencer estas batalhas... quando eu próprio sabia que a guerra estava a muito perdida.

Lembro-me da primeira vez que acordei os gritos com as lágrimas que rasgavam a minha pele…quando eu disse-lhe pela primeira vez o que via enquanto dormia… Lembro-me do abraço forte naquele momento da minha mãe enquanto prometia que estaria ali sempre, a verdade é que no mês seguinte já lá não estava e eu sabia disso. Despedi-me sem ela saber, mas era inevitável lutar contra algo que não estava nas minhas mãos, e eu só tinha 11 anos.

As vezes são coisas ligeiras como a nota que ia ter no teste que ainda nem tinha feito, ou mesmo uma conversa que iria ter que muitas vezes acabava por não ligar muito porque eram sobre coisas que ainda nem tinha vivido, outras vezes eram coisas que viravam o meu mundo o avesso, como um acidente que eu não podia mudar, como a perda de alguém que eu não podia evitar, era obrigado a fazer um luto enquanto as pessoas ainda estavam vivas, era como se a vida fosse um caminho já percorrido e inevitável de não percorrer.

Os meus últimos sonhos afastavam-se de todos os outros, dentro dele atingia dimensões que até a mim faziam confusão. O simples acto de dormir tornava-se num inferno. Antes eu era simplesmente um espectador do meu sonho, neste eu passava a ser um actor da própria realidade. Ia para além do que eu próprio estava pronto. O pânico instalava-se cada vez que a luta com os meus olhos eram perdidas, e uma dor maior cada vez que acordava. Um mundo descomplexado, e difícil de decifrar. Cada noite era um pedaço de mim que ficava preso na ilusão da realidade.

Não sabia quantos mais sonhos ia sobreviver, não sabia quantas mais noites ia viver, não sabia quando a minha própria morte iria ser obrigado a reviver.

Até que ponto saber o fim nos pode ajudar a escrever o inicio quando o meio é irreversível… por vezes a minha dor chegava mesmo a ser esmagadora.

4 comentários:

  1. és tão talentoso, brunoooo!
    escreve um livroo, asério. ahhh ya, vais ser famoso. TENHO A CERTEZA! aliás, todos os mendigos em hollywood são extremamente conhecidos :)
    ly (L)

    fabiana

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  2. A-d-o-r-e-i *.*

    Lindo *.*

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  3. creedo que dramático! mas muito bom primo :D

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