terça-feira, 29 de março de 2011

Ninguém sabe.

Com o olhar certo, e com o sorriso nos lábios, neste momento tornava-me um retrato perfeito de mim mesmo, pronto encher qualquer página de qualquer revista, e tinha a certeza que qual seja o leitor ia parar para me ver, eu era confiante, eu sabia o que valia, e isso ninguém me podia tirar, achava eu.
O fotógrafo falava em algo como captar a “essência”, não sabia bem o que ele queria, era modelo, não filosofo… Ele parou e olhou-me nos olhos, arrepiou-me aquele olhar, disse-me com tanta fugacidade, com tanta verdade “a minha essência é captar a história que tu me contas com os teus olhos.” A minha pele reagiu efusivamente aquelas palavras, naquele momento onde eu era melhor tornava-se um acto complexo, fotografar. Tive medo, admito, permaneci numa ataraxia assustadora, os olhos dele pareciam olhar para algo que ia muito alem dos meus olhos, senti-me nu, não havia mais mascaras, ele agora dizia “essa é a tua essência”. Acho que tinha acabado de conhecer a minha voz interior, naquele momento parecia saber mais de mim do que eu permitia, ele sabia o que mais ninguém sabe, mas pela primeira vez isso não me assustava, ele não me julgava, eu não tinha medo.
Deu-me indicações, senti-me como um aspirante a modelo, era como um começar, ele disse que agora conseguia ler a minha história, o brilho dos meus olhos era evidente, surpreendia-me a mim mesmo os resultados, confesso. Sentia-me a escrever com as mesmas palavras dos mais experientes escritores, o meu corpo movia os contornos da história, os meus olhos faziam o desfecho dos protagonistas.
Onde dantes havia só fotos bonitas, agora havia um contador de história que ninguém sabia existir, que ia muito além de uma imagem parada, por vezes com a mesma complexidade de um livro que tinha a capacidade de te fazer sonhar.

3 comentários:

  1. amei o teu blogue e já segui.
    Se quiseres ver o meu:
    http://lucianapacifico.blogspot.com
    and btw: 30 seconds to mars \m/ :D

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  2. eu perdi entretanto a direcção do teu blog, mas ainda bem que comentaste porque assim já posso ler-te outra vez :')

    [despertaste assim um género de saudade literária :D]

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